quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Coisa de mulher

Quando a angústia vem. Compro sapatos.

O solado tinindo me resgata.
Dá altura de mulher combativa.
Envergadura de guerreira abotinada.
Encaixo nos pés a força. E a segurança emana. De baixo pra cima.
Saio no equilíbrio do salto. Caminho rígida como madrinha de bateria. Sou a dona do pagode. Amarras de fita são nós de afeto.
Envolvem tornozelos vacilantes.
E se a cabeça baixa descrente, vejo laços de cetim. O tecido da estima. O couro negro cobre o calcanhar. E me leva pra dançar. Deixa na pista o rastro de alegria.
A borracha impede derrapagens. Traz firmeza nas águas de Março.
Afunda por mim na lama.
Corro na tecnologia do tênis da moda.
E o impulso fosforescente me leva pra longe.
Me calça de esperança.

Quando a angústia vem. Compro sapatos.