sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ousadia

Na sacada, à espera de ousadia.
A luz da lua morna percorre o castelo.
Ilumina a retina de paixão celeste.

O perfume da sorte florida irradia eletricidade, permeia o ar de batimentos.
Nada marcado. Intuição fresca é quem agita o peito.
Arrepios umidecidos pelo sereno da esperança.

Sopra o vento da certeza.
A princesa se apronta para encontrar o desconhecido:
Especiarias amaciam a pele, escova transpassa nós, madeixas entrelaçam em fita de cetim, beliscões coram a tez.

A matilha late no pátio de tochas.
Tranças a postos para arremesso na varanda.
Uma corda. Uma chave. Silêncio.

_Quem virá coração? Por que me iludes?
_Vou decepá-lo à espada de mim.

Luta inglória com rolha de vinho raro, da adega profunda dos anseios. Vence o enrosco insistente com carisma nato.
Derrama em cristal suas aflições. Se lambuza de verdade.

Coragem mistério! Felicidade genuína te espera.
Madrugada a dentro.

De repente, o grito seco.
Palavras vibrantes ecoam no vilarejo.
O belo jovem vence guardas da Independência.
Escala a fachada, invade o sorriso surpreso.
Toma nos braços sua prenda.
Um rompante.

Derretimento qual vela acesa.
Amor insofismável invade o aposento.
Apaga a altivez em breu de entrega.
Beijos infinitos, flutuantes.

Corpos se moldam mudos como escultura divina. Eterna.
Gemidos reencarnados ocultam alicerces do amanhã.

Como será o amanhã? O despertar do sonho?

Acorda afoita. Mais certa que antes: Ele virá em breve.
Montado em tordilho sem sela.
Entregará em bandeja de prata sua fé.
À tempo, em tempo.

Segue a princesa feliz na sacada.
À espera de destino oculto.

De ousadia.

Dorme moça.