domingo, 8 de agosto de 2010

Paisagem

Belo monte. Surge imponente entre as nuvens. Reflete no espelho d´água. Enfeita o horizonte. Enfrenta a tempestade, a solidão. Impávido colosso. Brilha feito ouro ao sol. De flora abundante. O ninho do gavião. O quintal dos primatas. Atraente. Espia do alto. Provoca mosquetes. Atiça estacas. Arrebenta cordas. Destroça martelos. Aos insistentes, o ar rarefeito. A pressão atmosférica. Pedra dura, desconfiada. Sonega o furor. Sombreia o óbvio. Mesmo imóvel, escapa da sorte. No ápice, uma avalanche. O vento cortante. Belo e covarde monte. Não te quero tolo. Hoje, abandono a trilha. Rasuro a escalada. Dobro a bandeira. Sublimo o desafio. Fechei a janela. Te apaguei de minha paisagem.

6 comentários:

  1. Muito bom, como sempre.

    Se me deixar, gostaria de recitar esse poema, com os devidos créditos, no corujão da poesia do Leblon.

    Posso?

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  2. Pedra, um coração partido por feridas ou ferido pelas partidas: imponente entre as gentes. E somos nada mais do que nuvens de nós mesmos, uma névoa de sentidos que nos permitem a coragem do falso risco, que é a fuga.

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  3. Nossa, que despedida! Bem direta.

    Da generosidade à despedida, seus textos são excelentes. Adoro ler cada um deles, de verdade.

    Beijo Mari.

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  4. É gostoso ler o que voce escreve !!

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