terça-feira, 12 de abril de 2011
REALENGO
Era preciso reportar.
Entender e fazer entender.
Mas como?
Eles não vinham da favela em guerra.
Não vinham da laje da pipa.
Muito menos de uma festa regada.
Chegavam feridos do colégio.
Vinham de uma aula de horror.
O jovem uniformizado retirado da ambulância.
Mãos trêmulas. Olhos arregalados.
Em sangue. Em choque.
O tubo lhe dava o ar.
A menina chega perfurada pelo dantesco.
Cabeça aberta à bala. Futuro interrompido a tiro.
Morreu na porta do hospital.
Mais alunos iam chegando ao som incessante das sirenes.
Mais mortes eram confirmadas ao som de gritos de pavor na emergência.
Médicos na rua em prantos.
E nós, repórteres, engolindo em seco.
Seu Jair entrou no carro amparado.
Levava na mão a fotografia de uma jovem linda.
_Essa é minha sobrinha. Esse sorriso foi embora.
Uma senhora ofegante chega perto:
_Deixei meu neto na escola. Ele não está mais lá.
Veio pra cá?
_ Acredito que sim, minha senhora.
Ela tomba em silêncio na calçada.
E eu, caio junto. De tristeza.
Era preciso reportar.
Entender e fazer entender.
Mas como?
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Imaginei o qto vcs sofreram e se seguraram para tal tarefa, e emocionei qdo vc postou no Twitter que ao chegar em casa desabou ... Me emocionei de novo, por isso lhe postei mensagens de força e parabenizei pelo excelente trabalho que fez ... como eu te postei no Carnaval vc está virando um Mito e um exemplo no jornalismo, mesmo não lhe conhecendo te desejo tudo de bom na sua carreira .. Parabéns e Força não só mais uma vez, mas sempre ...
ResponderExcluir@Reneemcj (twitter)
Mari,
ResponderExcluirsempre pensamos em repórteres como uma profissão feliz, "livre"e nos esquecemos do quão difícil é mostrar a realidade.
Sinceramente, eu não me imagino transmitindo notícias assim.
Cada vez que ligava e ainda ligo o #RJTV, #JH ou #JN eu choro com as notícias daquele dia que ficará pra história do nosso país e da nossa cidade.
Choro, pelo horror, pelo sofrimento dos pais que perderam seus filhos e principalmente pelas crianças que presenciaram essas cenas de horror e que foram afetadas para sempre no seu íntimo mais profundo.
Que Deus as ajude a suportar essa dor, e dê força para que eles possam SOBREVIVER a esse terror.
Beijo e parabéns pelo texto e pela cobertura.
Esse é um caso onde não dá para imaginar o que sente quem tem de cobri-lo mantendo a calma e a tranquilidade para informar seu público. Se eu estou no teu lugar, acho que, no fundo do fundo, desabaria no choro com este choque que todos sofremos. Eu, à distância, aqui de casa e a quilômetros longe do Rio de Janeiro, já fiquei muito mal aquele dia inteiro, sem cabeça para nada. E você e todos os jornalistas que documentaram essa barbárie? Nem dá para dimensionar. Resta apenas rezar para que algo assim nunca mais aconteça.
ResponderExcluirMuito dificil para todos nós, e penso como deve ser dificil ser repórter.
ResponderExcluirNão deve ser fácil chegar em casa e lembrar do que viu durante todo o dia e saber que no dia seguinte novas emoções acontecerão.
Fatídico episódio que nenhum de nós gostariamos de vivenciar.
Muito dolorido, muito forte.
Parabéns pela sua cobertura, para toda a equipe da Globo e especial tb para a Ana Paula Araujo.
Bj e mais sucesso.
@ murilodamasceno (twitter)
Mariana, lendo o seu texto , eu chorei mais uma vez por esse episódio. É o que posso fazer agora além de rezar e lamentar. Somos impotentes diante de uma violência como essa.
ResponderExcluirE parabéns pelo texto. Ele me fez entender a angústia do jornalista numa situação como essa.
EXCELENTE!
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pela cobertura jornalística!
Trabalho duro é o de passar de forma distante uma realidade tão visceral, tão dura, tão vermelha... Ver a dor tão próxima e fazer uma passagem profissional é para poucos. Parabéns para os profissionais que mesmo naqueola "guerra" foram muito profissionais...
ResponderExcluirOi Mari ( é o moreirinha). Muito bom o post em seu blog. Como vc descreveu "entender e fazer entender. Mas como?" jamais entenderemos. Apenas lamentaremos.
ResponderExcluirFiz tambem, um texto sobre o assunto e postei em meu bolg tambem. O texto não tem a pretenção de fazer com que o que aconteceu seja elucidado. A intenção é trazer alento a todos nós. Se puder, dê uma passadinha por lá.
Beijos.
O endereço é:
www.fragmentosincontaveis.zip.net
Fico orgulhoso em ver a jornalista de quem sou fã realizar uma cobertura com tanta sensibilidade e competência.
ResponderExcluirOi Mary!!
ResponderExcluirSei que você nem me conhece, mas eu acompanhei um pouco do seu trabalho lá.
E não tenho nem ideia de tudo o que você deve ter sentido e passado.
Parabéns pelo seu trabalho!
E parabéns pelo texto!!
Infelizmente não há como entender tal ato, apenas lamentar. Fico sem inspiração para escrever quando penso nas crianças desesperadas correndo por ajuda.
ResponderExcluirte acompanhei o dia inteiro,e ainda te vi conversando com a capucci atrás das câmeras da globonews...
ResponderExcluirPARABÉNS!
Mariana,
ResponderExcluirParaéns pela sua cobertura. Adoreio. Você é demas, cara.
beijão
Não tem como entender. As cenas pela tv davam uma angústia enorme. Imagino o sofrimento para quem presenciou.
ResponderExcluirNum cenário de tanta tristeza vc continuou demonstrando competêcia e profissionalismo. Parabéns!
Mais uma vez, vcs fizeram um excelente trabalho. Duro demais. Parabenizar por conseguir lidar com aquilo tudo e nos comunicar é o mínimo que posso fazer. Obrigada.
ResponderExcluirOi Mari!!
ResponderExcluirvocê como sempre arrebentando nos textos,dessa vez me fez chora,lembrei da carinha que vc fazia em frente as câmeras,mesmo com o seu profissionalismo brilhante,seus olhos ñ escondia sua tristeza e dor,representada meio que,indiretamente de cada brasileiros...
Parabéns pelo texto e pelo Belo Trabalho...
Te Admiro Muuuuito...Bjssss
Foi impossível segurar as lágrimas e impedir que o coração se partisse em pedaços depois de receber 12 tiros "indiretamente". Essa vai ser uma página triste na história de todos nós,que de perto ou não, presenciamos essa tragédia.
ResponderExcluirÉ impressionante como o seu olhar é expressivo, e foi justamente através dele que vc fez todo mundo entender o possível diante de um episódio tão brutal. E respondendo a sua pergunta: Não tem como entender covardia e monstruosidade.
Te admiro muito e estarei sempre ao seu lado, até mesmo quando for muito difícil ter que te assistir como foi nesse dia.
Beijo Mari.
Olha eu aqui mais uma vez com os olhos cheios de lágrimas...
ResponderExcluirSempre me emociono com seus textos, pois sempre me tocam de uma maneira ou de outra, mas dessa vez... Ah, dessa vez eu não tenho nem palavras. As palavras sumiram e as lágrimas não param de rolar desde de quinta feira.
Fiquei muito abalada com toda essa história, não pelo fato de ser professora, mas por não acreditar, ou melhor, não querer acreditar que um ser humano foi capaz de tamanha atrocidade.
Mais uma vez (e não me cansarei de dizer isso)Parabéns pelo seu texto e pelo seu belíssimo trabalho. Força e coragem!
É unânime, porém quero reforçar que seu texto é incrivelmente inspirado e bonito.
ResponderExcluirSou estudante de jornalismo e você é como um de meus mestres.
Parabéns pelas palavras.
Muita paz ao nosso belíssimo Rio de Janeiro!
Verdade..em tempos de guerra, nossa postura é levar a informação...mas o coração muitas vezes quer ir junto...num sentimento de ajuda, de dor, de desespero...
ResponderExcluirBelo texto!
Deus te abençoe!
Nossa!!!Acho q foi muito difícil vc fazer essa reportagem q abalou o nosso país, ou melhor o nosso Rio de Janeiro..nos primeiros dias eu nem consegui ver mais tv, pois me dava vontade de chorar, pois sou mãe e já perdi uma filha, não nessa situação, então imagino a dor desses pais q perderam seus filhos, por um massacre desse...Mesmo com todo sofrimento vc consegui fazer a sua parte q é informar o povo...parabéns pelo belíssimo trabalho, apesar de triste!!Bjuss
ResponderExcluirEu sou de Minas, mas amo o Rio...
ResponderExcluirGosto de sentir o barulho do mar. A alegria e o jeito despachado do Carioca. A imponência do Cristo a nos abençoar.Fim de tarde no arpuador....Choro junto com cada carioca ao ver tantas notícias ruins vindo desta cidade maravilhosa...
O que podemos fazer a não ser pedir a misericórdia Divina?
Que Deus a proteja na sua jornada e que você não se perca nesse mundo cheio de futilidades e nem perca o amor pelo ser humano... Pois amar ainda vale a pena...
@denice_santana
Putz!
ResponderExcluirO que mais dizer?
Continuo sem invejar seu trabalho...
Até hoje quando relembro as reportagens daquelas tristes edições do Bom Dia e do RJ me emociono.
ResponderExcluirNeste dia eu estava no controle de vivo da Globo Rio. Não sei porque, mas o único dia que eu tinha disponível pra visitar o povo por aí (e quem sabe te conhecer) foi o dia em que aconteceu aquela tragédia. Presenciei quando Luciana pediu pra você fazer um ao vivo com um balanço do que tinha de informações até então. E você preparou algo e entrou no ar em poucos segundos. Fiquei muito tempo lá. Umas duas horas e meia. Foi algo espetacular pra mim. Foi só uma pena não ter cruzado com você. Mas a Mônica Sanches, ao me ver na redação e saber que eu era de Natal me disse algo assim: "Nem pense em vir pra cá. Aquilo lá é o paraíso. Aqui a gente não aguenta mais má notícia. Eu tô com pânico de má notícia." Eu levei no bom humor... fazer o que, né?
ResponderExcluirNossa...''Ela tomba em silêncio na calçada.
ResponderExcluirE eu, caio junto. De tristeza.'' Sabe, nos leigos, digo eu, em jornalismo, q estamos aqui so para assistir as noticias, pensamos, digo eu, q vcs sao insensiveis qndo aparecem na tv.Mas, agora aprendi um pouquinho sobre jornalismo e percebesse o qnto emotiva ela e'.
Att
Felipe Martinez
http://www.youtube.com/watch?v=ZYxIfHATm0g&feature=share&list=UUe0LN_5V3Mkhe_7vjHY8LrA
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