sexta-feira, 3 de junho de 2011

Bom Dia Rio


Na hora em que o sono pesa.
A cama te abraça. O silêncio embala.
Um alerta em transe interrompe o transe.
São quatro e quinze da manhã.
Levanto enrolada no edredom. Nossa separação tem que ser paulatina.
Saio pelas ruas escuras e vazias.
As primeiras palavras da madrugada fria são "bom dia" para o mendigo na calçada da padaria.

Maquiagem, secador, camisa passada e certo mau-humor.
Doze andares de elevador.
No espelho, as olheiras fartamente disfarçadas.

Enfim o encontro com o estúdio.
Um cenário real no topo do prédio no Jardim Botânico.
Revestido de vidro. Cercado de belezas naturais.
Da vidraça lateral, em primeiro plano, o Corcovado e o Cristo Redentor de banda.

Do vidro central, o brilho da Lagoa Rodrigo de Freitas e montanhas.
O hipódromo da Gávea e tordilhos galopando. À esquerda, o Morro Dois Irmãos escancarado e farto trecho da Floresta da Tijuca.

É entre cartões-postais que celebro meu alvorecer.
A alegria vem mesmo com o Pão de Açúcar.
Por trás dele agora vejo o sol surgir todos os dias.
Um fenômeno ligeiro. Não pode piscar.
O círculo rosado vai rompendo a neblina.
Colorindo as nuvens.
Injetando ânimo à minha prostração.

Sempre gostei dos começos.

Os primeiros raios iluminam meu rosto.
Doam energia.

Bom Dia Rio.
É bom acordar com você.